A FORMIGUINHA E A NEVE
IRMÃOS GRIMM – Adaptação: João Barros
Certa manhã de inverno, uma formiguinha saiu para seu trabalho diário. Já ia muito longe, à procura de alimento, quando um floco de neve caiu – pim! – e prendeu o seu pezinho! Aflita, vendo que não podia livrar-se da neve e iria assim morrer de fome e de frio, voltou-se para o Sol e disse:
─ Oh, Sol, tu que és tão forte, derrete a neve e desprende meu pezinho... E o Sol, indiferente nas alturas, falou:
─ Mais forte do que eu é o muro que me tapa! Olhando então para o muro, a formiguinha pediu:
─ Oh, muro, tu que és tão forte, que tapas o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho... E o muro que nada vê e muito pouco fala respondeu apenas:
─ Mais forte do que eu é o rato que me rói! Voltando-se então para um ratinho que passava apressado, a formiguinha suplicou:
─ Oh, rato, tu que és tão forte, que róis o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho... Mas o rato, que também ia fugindo do frio, gritou de longe:
─ Mais forte do que eu é o gato que me come! Já cansada, a formiguinha pediu ao gato:
─ Mais forte do que eu é o cão que me persegue! Aflita e chorosa, a pobre formiguinha pediu ao cão:
─ Oh, cão, tu que és tão forte, que persegues o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho... E o cão, que ia correndo atrás de uma raposa, respondeu sem parar:
─ Mais forte do que eu é o homem que me bate! Já quase sem forças, sentindo o coração gelado de frio, a formiguinha suplicou:
─ Oh, homem, tu que és tão forte, que bates no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho... E o homem, sempre preocupado com seu trabalho, respondeu apenas:
─ Mais forte do que eu é a morte que me mata! Trêmula de medo, olhando a morte que se aproximava, a pobre formiguinha suplicou:
─ Oh, morte, tu que és tão forte, que mata o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho... E a morte, impassível, respondeu:
─ Mais forte do que eu é Deus que me governa! Quase morrendo, a formiguinha rezou baixinho:
─ Meu Deus, tu que és tão forte, que governa a morte, que mata o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o Sol, que derrete a neve, desprende o meu pezinho... E Deus, então, que ouve todas as preces, sorriu. Estendeu a mão por cima das montanhas e ordenou que viesse a primavera! No mesmo instante, a primavera desceu sobre a Terra, enchendo de flores os campos, enchendo de luz os caminhos! E, vendo a formiguinha quase morta, gelada pelo frio, tomou-a carinhosamente entre as mãos e levou-a para seu reino encantado, onde não há inverno, onde o Sol brilha sempre e onde os campos estão sempre cobertos de flores!
Leitor amigo,
Quantas lições aprendemos com a formiguinha!
Ela vivia feliz, até que um floco de neve prendeu seu pezinho, impedindo-a de se movimentar.
Muitas pessoas são também surpreendidas por acontecimentos inesperados que modificam totalmente suas vidas, como por exemplo, um acidente, uma doença incurável...
Mas a formiguinha nunca perdeu a esperança, e rogava ajuda a todos que eram mais fortes do que ela.
Com as pessoas nem sempre acontece assim. Muitas se entregam ao desânimo ou então, à revolta contra todos e até contra Deus.
As súplicas da formiguinha não eram atendidas, porque eram dirigidas aos que não possuíam dentro de si, o amor capaz de entender a aflição alheia; cada qual pensava apenas em si próprio...
Quando, porém, dirige sua prece a Deus, tudo se modifica, pois é quando alcança a libertação.
Evidentemente, seu corpinho frágil não resistiu ao frio excessivo, mas seu Espírito se libertou da neve que o aprisionava, para habitar em outro plano de vida, o espiritual, onde Deus lhe preparou um belo lugar para viver.
Vemos aí, que a morte não existe. Essa a esperança que fica para todos que, temporariamente, se encontram prisioneiros dos males incuráveis, das perdas irreparáveis.
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O Velho Esquisito
Autoria Laddy-ro
Cassiano era um menino muito levado, gostava de empinar pipa e jogar bola, se divertia sempre em maltratar os animalzinho.
Morava em uma casinha simples, construída de tijolo, o telhado era vermelho e o chão era de cimento batido, sua cama era velha, com madeira surrada e descascada, o colchão era de palha duro que só vendo. Sua mãe sempre aos gritos dava-lhe broncas e até mesmo muitas vezes batia nele com o chinelo, ela levantava bem cedinho deixava o café quente no fogão e saia para trabalhar. Seu pai quase nunca ele via, sempre quando acordava já tinha saído e quando voltava Cassiano já estava dormindo.
Cassiano pulava da cama engolia um pouco de café beliscava um pedaço de pão quando tinha, e saia correndo para escola, muitas vezes ele nem chegava a entrar na escola se juntava com seus amigos e ficavam arquitetando um plano para a próxima traquinagem.
O melhor amigo dele era Fabio, um menino muito mau, que se divertia em maltratar os animaizinhos e colocar os meninos que não gostava em apuros.
Certa manhã Fabio tentava convencer Cassiano a não entrar na escola, e ir com ele até a o barraco do velho Esquisito, e Cassiano respondia a Fabio:
- Você ta louco, se aquele velho pega nós?
- Que nada, ele não enxerga direito o velho é cego e há esta hora já ta roncando, larga mão de ser mariquinha e medroso.
-Você já viu a cara dele? – perguntou Cassiano
- Não mas já ouvi falar que ele nunca sai, uns dizem que ele é bruxo, outros dizem também que lá tem muita assombração.
- Credo em cruz, e ainda você quer ir lá? Falou Cassiano assustado.
-Deixa de ser bobo, é só um velho, já tenho tudo planejado, sabe o gato preto da D. Mariquinha ? então agente pega o gato dá uma paulada nele e joga ele dentro da panela que o velho faz comida, vai ser divertido, vamos lá cara. Dizia Fabio com brilho nos olhos de maldade.
Apesar de muito amedrontado Cassiano decidiu ir para esta aventura.
De frente da casa de D.Mariquinha, eles esperava a hora de entrar e pegar o gato.
-Olha Cassiano ela tá saindo, entra você agora e pega o gato, eu fico vigiando a porta.
-Eu não, como vou pegar este gato? -respondeu Cassiano
-Toma aqui pega este pau, é só meter na cabeça do gato.
Cassiano não podia recuar, ele tinha muita admiração pelo seu amigo Fabio achava que ele era corajoso e queria ser como ele, e com as pernas e mãos tremendo pegou o pau das mão de Fabio e foi em direção a porta., colocou a mão na maçaneta e esta estava trancada, procurou então uma janela que pudesse entrar, encontrou uma fresta da qual ele passava bem apertado, o suor escorria pelo seu rosto, seus dentes trincavam um nos outros, até que seu corpo se estatelou pelo chão dentro da quarto de D Mariquinha. Um barulho estrondoso se fez, ao quebrar o abajur ao lado da cama, se ergueu apressadamente e eis que diante de si avistou a figura do gato assustado tanto quanto ele, imediatamente procurou o pau que havia caído de sua mão e ao alcançar foi em direção do bichano que ao se defender cravou suas garras no rosto de Cassiano, atingindo seus olhos violentamente.
Fabio saiu em disparado ao perceber que D Mariquinha voltara repentinamente, deixando para trás seu amigo.
Ao entrar em casa D Mariquinha estranhou ao ver seu gato impaciente miando sem parar, foi para o quarto e ao ver Cassiano caído no chão e o quarto bagunçado, pois a berrar:
-Socorro, socorro, ai meu Deus um ladrão, me ajudem, ai ai ai.
Em questão de minutos a casa já estava cheia de gente, os vizinhos correram todos para acudir D Mariquinha, que desesperada continuava a berrar.
Neste momento um homem, adentrou na casa, era o Sr Benedito, muito calmo, pessoa muito simples , seus cabelos eram negros e longos, no rosto uma barba que desenhava seu rosto falava pouco mas quando falava todos o respeitavam, pois ele estava sempre pronto a socorrer os mais necessitados, e levar palavras de consolos e sabedoria,apesar de sua simplicidade todos o respeitavam, sua ocupação era recolher lixos para reciclar, o que fazia dele uma pessoa conhecida na região.
Sr Benedito , foi em direção do corpo caído no chão, e gritou para todos:
-Calma é só um menino.
Todos se calaram e olharam o corpo. Nisto um menino que se encontrava ali gritou:
-É o Cassiano, o filho de D Conceição.
Sr Benedito pegou Cassiano desacordado nos braços e apressadamente saiu com ele, levando para o barraco do Velho Esquisito.
Já era noitinha quando Cassiano abriu os olhos, meio tonto não sabia onde estava, sentiu que seus olhos ainda estavam doendo e embaçando a visão, sua cabeça doía, percebeu que a sombra de um homem se aproximava e colocava uns panos cheirando erva em sua cabeça.
Ainda sonolento voltou a cair num sono profundo.
Ao amanhecer, abriu os olhos e tentou se lembrar o que tinha acontecido, quando viu sua mãe do lado juntamente com o Velho Esquisito.
A mãe correu para ele e lhe beijando disse:
-Cassiano meu filho você está bem?
- Sim mãe to bem.
Graças a Deus e a este bom homem que cuidou de você.
Cassiano olhou espantado para o Velho, e começou a chorar envergonhado.
O velho acariciou sua cabeça e lhe disse:
Tá tudo bem agora não precisa chorar, você vai ficar bom.
Nunca mais Cassiano foi o mesmo depois daquele dia, aprendeu a respeitar as pessoas mesmo quando elas nos pareciam esquisitas, aprendeu também a escolher seus amigos.
E todos os dias ao voltar da escola Cassiano passava no Barraco do Velho Esquisito que tinha se tornado seu melhor amigo e ficava horas ouvindo as historias de Jesus que o velho narrava, e aprendera a respeitar os animais e as pessoas.
Cassiano nunca mais cabulou a aula, se tornou um ótimo aluno, Passou a proteger os gatos e cachorros abandonados que encontrava na rua , fez faculdade e se formou veterinário.
Hoje sua vida é cuidar dos animais, e nas horas vagas luta pela Proteção dos animais.
Fim
